Com
informações da New Scientist - 14/11/2014
Em dimensões cosmológicas, os astrofísicos
procuram por mundos paralelos observando se há algum vazamento
de energia de
outro universo para o nosso.[Imagem
Teoria
dos multiversos
Para
alguns, a pergunta se
existe vida em outros universos é fácil de ser respondida, uma vez que os
múltiplos universos seriam nada menos do que réplicas deste nosso universo, em
cada um dos quais ocorreria uma das inúmeras possibilidades de eventos que são
tão caras à mecânica quântica.
Nessa
interpretação, toda vez que você faz uma escolha, você influencia uma
infinidade de universos, o que inclui uma infinidade de outros
"vocês" - alguns deles levando vidas muito diferentes da sua porque
suas decisões "colapsaram" de forma diferente.
Isso pode
soar como um conceito vindo de uma imaginação febril, mas muitos físicos
acreditam que o multiverso é real.
E eles
apresentam seus indícios. Aqui estão quatro deles, quatro maneiras que o
multiverso pode estar se manifestando em nosso mundo cotidiano.
A função
de onda
A função
de onda descreve as propriedades de qualquer sistema quântico. Essas
propriedades - a direção do spin de um átomo, por exemplo - podem assumir
vários valores de uma só vez, no que é conhecido como superposição
quântica. Mas
quando medimos uma dessas propriedades, ela tem sempre um único valor - no caso
de spin, esse valor é expresso como "para cima" ou "para
baixo".
Na
tradicional interpretação de Copenhague da mecânica quântica, diz-se que a
função de onda "colapsa" quando a medição é feita, mas não está claro
como isso acontece. O famoso gato
de Schrodinger, nem
vivo nem morto até que alguém olhe dentro de sua caixa, ilustra isso.
Na teoria
dos multiversos, a função de onda nunca colapsa. Em vez disso, ela descreve a
propriedade ao longo de vários universos. Neste universo o spin do átomo está
para cima; em outro universo, ele está para baixo. Quando você fizer a medição,
"infalivelmente" encontrará o valor da propriedade que vale para este
universo.
Dualidade
onda-partícula
No
experimento de referência para explicitar a dualidade
onda-partícula, foram
enviados fótons, um de cada vez, por um par de fendas, com uma tela
fosforescente atrás delas. A medição em cada uma das fendas registra fótons
individuais, que passam como partículas por uma ou por outra fenda.
Mas deixe
o aparelho funcionando e um padrão de interferência irá se acumular na tela,
como se cada fóton tivesse passado pelas duas fendas ao mesmo tempo e difratado
em cada delas, como uma onda clássica.
Esta
dualidade tem sido descrita como o "mistério central" da mecânica
quântica. Na interpretação de Copenhague, ela é devida ao colapso da função de
onda. Deixado à própria sorte, cada fóton vai passar pelas duas fendas ao mesmo
tempo: é a medição que os força a "escolher" uma das fendas.
Na teoria
dos multiversos, contudo, cada fóton só passa por uma das fendas. O padrão de
interferência emerge quando um fóton interage com seu clone que está passando
pela outra fenda em um universo paralelo.
Computação
quântica
Embora os
computadores
quânticos ainda
estejam em sua infância, eles são, em teoria, incrivelmente poderosos, capazes de
resolver problemas complexos muito mais rapidamente do que qualquer computador
clássico.
Na
interpretação de Copenhague, isto ocorre porque o computador quântico está
trabalhando com qubits entrelaçados e superpostos, que podem assumir muitos
mais estados do que os valores binários disponíveis para os bits usados pelos
computadores clássicos.
Na
interpretação dos multiversos, os computadores quânticos são rápidos porque
realizam seus cálculos em muitos universos ao mesmo tempo, com as partículas
trocando dados de um universo para outro.
Roleta
russa quântica
Isto
equivale a interpretar você mesmo o papel de gato de Schrodinger.
Você vai
precisar de uma arma cujo disparo seja controlado por uma propriedade quântica,
como o spin de um átomo, que tem dois estados possíveis quando medido.
Se a interpretação
de Copenhague está certa, você tem os familiares 50% de chance de
sobrevivência. Quanto mais vezes você "jogar", menos provável será
que você sobreviva.
Se o
multiverso for real, por outro lado, sempre haverá um universo em que
"você" estará vivo, não importa quanto tempo você jogar. Além do
mais, você pode sempre acabar nele, graças ao elevado status do
"observador" na mecânica quântica. Você vai apenas ouvir uma série de
cliques, já que o disparo da arma vai falhar todas as vezes.
Em outras
palavras, "você" vai perceber que é essencialmente imortal - o
problema é que não é exatamente esse "você" que agora você chama de
eu.
Assim,
talvez seja melhor não tentar, mesmo porque tudo isto são hipóteses ou teorias
- ou interpretações de hipóteses e teorias.