© WWF-Brazil / Instituto Ekos Brasil / Mauricio Forlani
Restinga paulista: biodiversidade vulnerável à pressão imobiliária e turística.
Diagnóstico realizado pelo WWF-Brasil revela mais de uma centena de espécies de animais e plantas ameaçados de extinção nativos da Mata Atlântica em Bertioga (SP). A área de 8.025 hectares , que fez parte do estudo, está no foco da Fundação Florestal para constituir uma nova unidade de conservação. A cerca de 100 quilômetros de São Paulo, maior centro econômico do país, o local é um dos últimos blocos de mata de restinga ainda intocada no litoral paulista, faixa que vem sendo intensivamente transformada pela ocupação para humana.
“Levamos dezesseis pesquisadores em diferentes especialidades para estudar a área e comprovamos que se trata um local de extrema prioridade para conservação”, afirma a coordenadora do Programa Mata Atlântica do WWF-Brasil, Luciana Lopes Simões. Os estudos sobre os 10,1 mil hectares serviram para apoiar a Fundação Florestal do Estado de São Paulo no processo de seleção e proposição de criação de área protegida.
Com menos de 8% de sua extensão original, a Mata Atlântica em sua totalidade já é reconhecida internacionalmente como um Hotspot, entre as regiões naturais mais ricas e ameaçadas do planeta. “Ela é considerada pela Rede WWF como uma das 35 áreas prioritárias em todo mundo para conservação”, destaca o superintendente de Conservação, Cláudio Maretti.
A formação de restinga está entre as mais degradadas e ameaçadas no país. Atualmente, apenas o planalto está protegido. “A nova unidade de conservação unirá a planície com o planalto, na Serra do Mar, formando um corredor de biodiversidade para os animais num trecho protegido do nível do mar até uma altitude1.000 metros ”, salienta a coordenadora técnica do projeto Serra do Mar e mosaicos da Mata Atlântica da Fundação Florestal, Adriana Mattoso.
O levantamento comprovou o que os pesquisadores já suspeitavam: a planície próxima a Serra do Mar tem uma das mais altas diversidades biológicas do litoral paulista. Neste bolsão de biodiversidade há ocorrência de 66 espécies aves sob algum grau de ameaça de extinção, 14 espécies de mamíferos de grande e médio porte, como a onça parda (Puma concolor) e a anta (Tapirus terrestris), e a presença de 14 espécies de répteis e anfíbios que também em risco de desaparecer, como lagartos (Mabuya caissara), camaleões (Polychrus marmoratus), entre outros.
Além de plantas e animais únicos a unidade de conservação também colocará a salvo um dos mais belos trechos que remontam a exuberante vegetação virgem à época de descoberta do país. “Essa é uma paisagem testemunho do ambiente natural que tínhamos por toda costa antes do descobrimento do Brasil”, ressalta Mattoso.
Espécies dependem da diversidade de ambientes
Os diferentes tipos de solo, na transição entre a planície e a serra; o intrincado sistema de drenagem de água doce, com períodos alagados e secos, e o contato com a água do mar são algumas explicações desta área ser pródiga em variedade de plantas e uma das regiões com maior número de répteis e anfíbios na Mata Atlânticaem São Paulo. Foram encontrados pelo menos 93 tipos desses animais e 1.000 espécies de plantas em Bertioga, segundo o diagnóstico produzido pelo Instituto Ekos Brasil, a pedido do WWF-Brasil. Só de bromélias, são 53 espécies, correspondendo a um terço de tudo o que é encontrado no estado.
“O que temos próximo à praia é diferente do que encontramos acima. Isso explica porque não adianta proteger apenas a serra”, explica o biólogo Paulo Sampaio, pesquisador responsável pelo herbário da Universidade Santa Cecília (Unisanta). Com mais de 100 saídas de campo na área, Sampaio encontrou duas plantas registradas pela primeira vez no estado, 32 consideradas raras e 10 já ameaçadas de extinção.
“Há toda uma variedade de ambientes dentro desta planície. Há plantas especializadas em áreas alagadas, outras em bancos de areia e à medida que vamos nos afastando do mar, diminuindo a influência marinha, também muda a vegetação”, descreve.
O diretor de Conservação da Save Brasil, Pedro Develey, representante da Birdlife no país, explica que as plantas têm frutificações diferentes conforme a altitude o que faz com que a restinga ofereça alimento para as aves em períodos quando há escassez na floresta. “Além daquelas que vivem predominantemente neste ecossistema, muitas aves que vivem na mata no inverno descem para se alimentar na baixada.”
Os mangues, berçários para reprodução de peixes e aves, são importantes ainda para a conservação de aves migratórias que vem do hemisfério norte, como os maçaricos e batuíras. Para espécies nativas de aves, a restinga é o principal habitat como o imponente pavó (Pyroderus Scutatus), ave rara e em perigo de extinção no estado de São Paulo.
“Levamos dezesseis pesquisadores em diferentes especialidades para estudar a área e comprovamos que se trata um local de extrema prioridade para conservação”, afirma a coordenadora do Programa Mata Atlântica do WWF-Brasil, Luciana Lopes Simões. Os estudos sobre os 10,1 mil hectares serviram para apoiar a Fundação Florestal do Estado de São Paulo no processo de seleção e proposição de criação de área protegida.
Com menos de 8% de sua extensão original, a Mata Atlântica em sua totalidade já é reconhecida internacionalmente como um Hotspot, entre as regiões naturais mais ricas e ameaçadas do planeta. “Ela é considerada pela Rede WWF como uma das 35 áreas prioritárias em todo mundo para conservação”, destaca o superintendente de Conservação, Cláudio Maretti.
A formação de restinga está entre as mais degradadas e ameaçadas no país. Atualmente, apenas o planalto está protegido. “A nova unidade de conservação unirá a planície com o planalto, na Serra do Mar, formando um corredor de biodiversidade para os animais num trecho protegido do nível do mar até uma altitude
O levantamento comprovou o que os pesquisadores já suspeitavam: a planície próxima a Serra do Mar tem uma das mais altas diversidades biológicas do litoral paulista. Neste bolsão de biodiversidade há ocorrência de 66 espécies aves sob algum grau de ameaça de extinção, 14 espécies de mamíferos de grande e médio porte, como a onça parda (Puma concolor) e a anta (Tapirus terrestris), e a presença de 14 espécies de répteis e anfíbios que também em risco de desaparecer, como lagartos (Mabuya caissara), camaleões (Polychrus marmoratus), entre outros.
Além de plantas e animais únicos a unidade de conservação também colocará a salvo um dos mais belos trechos que remontam a exuberante vegetação virgem à época de descoberta do país. “Essa é uma paisagem testemunho do ambiente natural que tínhamos por toda costa antes do descobrimento do Brasil”, ressalta Mattoso.
Espécies dependem da diversidade de ambientes
Os diferentes tipos de solo, na transição entre a planície e a serra; o intrincado sistema de drenagem de água doce, com períodos alagados e secos, e o contato com a água do mar são algumas explicações desta área ser pródiga em variedade de plantas e uma das regiões com maior número de répteis e anfíbios na Mata Atlântica
“O que temos próximo à praia é diferente do que encontramos acima. Isso explica porque não adianta proteger apenas a serra”, explica o biólogo Paulo Sampaio, pesquisador responsável pelo herbário da Universidade Santa Cecília (Unisanta). Com mais de 100 saídas de campo na área, Sampaio encontrou duas plantas registradas pela primeira vez no estado, 32 consideradas raras e 10 já ameaçadas de extinção.
“Há toda uma variedade de ambientes dentro desta planície. Há plantas especializadas em áreas alagadas, outras em bancos de areia e à medida que vamos nos afastando do mar, diminuindo a influência marinha, também muda a vegetação”, descreve.
O diretor de Conservação da Save Brasil, Pedro Develey, representante da Birdlife no país, explica que as plantas têm frutificações diferentes conforme a altitude o que faz com que a restinga ofereça alimento para as aves em períodos quando há escassez na floresta. “Além daquelas que vivem predominantemente neste ecossistema, muitas aves que vivem na mata no inverno descem para se alimentar na baixada.”
Os mangues, berçários para reprodução de peixes e aves, são importantes ainda para a conservação de aves migratórias que vem do hemisfério norte, como os maçaricos e batuíras. Para espécies nativas de aves, a restinga é o principal habitat como o imponente pavó (Pyroderus Scutatus), ave rara e em perigo de extinção no estado de São Paulo.
Mamíferos ameaçados de extinção em Bertioga
Espécie | Nome vulgar | |
1 | Cuniculus paca | |
2 | Pecari tajacu | |
3 | Tayassu pecari | |
4 | Leopardus pardalis | |
5 | Leopardus trigrinus | |
6 | Leopardus wiedii | |
7 | Puma concolor | |
8 | Lontra longicaudis | |
9 | Tapirus terrestris | |
10 | Alouatta guariba | |
11 | Brachyteles arachnoides | |
12 | Callithrix aurita | |
12 | Chiroderma doriae | |
14 | Platyrrhinus recifinus | |
15 | Thyroptera tricolor | |
16 | Myotis ruber |
Fonte: Diagnóstico Socioambiental para Criação de Unidades de Conservação – Polígono de Bertioga
Aves ameaçadas de extinção em Bertioga*
Espécie | Nome popular | |
1 | Tinamus solitarius | Macuco |
2 | Penelope obscura | Jacuaçu |
3 | Ramphodon naevius | beija-flor-rajado |
4 | Myrmotherula unicolor | choquinha-cinzenta |
5 | Hemitriccus orbitatus | tiririzinho-do-mato |
6 | Procnias nudicollis | araponga |
7 | Pyroderus scutatus | Pavó |
* Espécies encontradas durante estudo do WWF-Brasil. Outras 59 espécies de aves ameaçadas são listadas como de possível ocorrência na área
Fonte: Diagnóstico Socioambiental para Criação de Unidades de Conservação – Polígono de Bertioga
Fonte: Diagnóstico Socioambiental para Criação de Unidades de Conservação – Polígono de Bertioga
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